Artigo de autoria do Sr. Mário Xavier Jr., publicado no boletim da SPP de março/2002.
Os selos de telégrafo no Brasil
Os selos de telégrafo no Brasil
Mário Xavier Jr.
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Os selos de telégrafo tornaram-se, com o passar dos anos, num dos enjeitados da filatelia. Houve uma época em que foram colecionados como qualquer outro tipo de selo, mas à medida que os catálogos deixavam de o listar, somente os especialistas continuaram a se interessar por eles. Felizmente para nós, no Brasil, a maior parte dos catálogos nunca deixou de incluir os nossos telégrafos. E hoje, qualquer um deles é peça de destaque numa coleção de selos do Brasil. O telégrafo elétrico foi inaugurado no Brasil em 11 de maio de 1852, sendo o seu fundador o Dr. Guilherme Schuch de Capanema, o Barão de Capanema. Naquele dia, através de uma linha telegráfica que ia da Quinta Imperial da Boa Vista ao Quartel General do Campo de Santana, o Imperador Dom Pedro II trocou telegramas com o ministro Eusébio de Queiroz, com Capanema e com o general Polydoro da Fonseca. Em 1952, por ocasião do centenário da inauguração, foi emitida uma série de selos comemorativos com a efígie dos três personagens (RHM C-278/80).
Dezessete anos depois de inaugurado foi organizado o serviço teleegráfico nacional. Por um decreto datado de 5 de abril de 1869 foi autorizada a exploação de linhas por empresas particulares. Frederico Antonio Kieffer obteve a concessão para construir e operar por 20 anos uma linha telegráfica entre o Rio de Janeiro e Ouro Preto (MG), passando por Paraíba do Sul, Juiz de Fora e Barbacena e com algumas ramificações.
Em setembro de 1869, Kieffer emitiu selos que, aplicados nos recibos entregues aos expedidores de telegramas, comprovaram o pagamento da tarifa autorizada pelo governo. Os selos foram emitidos nos valores de 200 réis, verde, 500 réis, carmim e 1000 réis, azul, litografados por C. Leopold Heck, no Rio de Janeiro. O desenho apresente como figura central um aparelho de telégrafo Morse, com a assinatura de Kieffer na base e um pequeno retângulo com o nome do gravador. Nos quatro cantos os algarismos do valor foram gravadosem formato retangular, com fundo branco no 200 réis e fundo de cor nos outros valores. Estes selos têm aplicado no verso um carimbo com número de controle, na cor verde-azulada, e com os dizeres "Linhas Telegraphicas do Interior" (RHM T-1/3). Em 1871 os mesmos selos foram emitidos sem o carimbo de controle no verso (RHM T-4/6).
Uma nova emissão surgiu em 1873, semelhante às anteriores, porém com os algarismos do valor em formato redondo e em fundo de cor. Os mesmos valores foram impressos em novas tonalidades de cor e emitido um valor de 2000 réis, castanho (RHM T-8/11). Estes selos são conhecidos também em papel filigranado formado pela marca de fábrica do papel, Lacroix Frères, em letras maiúsculas de traço duplo.
No mesmo ano de 1873 Kieffer emite um selo que, adquirido antecipadamente, era uma espécie de vale para a transmissão posterior de um telegrama. O selo apresenta o mesmo modelo do 200 réis da primeira emissão, com duas faixas laterais com as inscrições "Vale para Transmissão" e "FR. A. KIEFFER". O selo foi impresso em tiras horizontais de 4 selos, em papel fino, preto sobre verde claro, amarelo ou palha, e era posteriormente colado e prensado sobre cartolina (RHM T-7).
Em 1º de abril de 1899 foram postos em circulação os selos de telégrafo da República. Foram emitidos dois valores, 200 réis, verde, e 500 éis, violeta, litografados na Imprensa Nacional (RHM T-12/13). Estes selos eram usados exclusivamente para o serviço urbano do Rio de Janeiro entre as agências Central, Niterói, Fortaleza de Santa Cruz, Rio Comprido, Engenho novo, Praça da República, Largo dos Leões, Prainha, Santa Tereza, São Cristóvão e Largo do Machado. Eram aplicados nos canhotos dos talões de recibo, guardados na repartição por um período de cinco anos e depois inutilizados. Por volta de 1918, encerrada a prática dos selos de telégrafo, os estoques ainda existentes foram postos à venda aos filatelistas.
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