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Postagem de 2004 - Agradecimento e reprodução de artigos de Dorvelino Guatemozim

Gostaria de fazer um agradecimento especial ao Sr. JORGE LUIZ SILVESTRE, ilustre filatelista e atual responsável pelo rico acervo da Sociedade Filatélica Ponta-grossense, a propósito, a mais antiga do Paraná, que, infelizmente, no momento, está sem sede, devido à falta de vontade política e ignorância desta administração em relação à importância do colecionismo. O Sr. Jorge fez a gentileza de emprestar-me alguns exemplares da revista "Brasil Philatelico", do Clube Filatélico do Brasil, do período de 1934 a 1937, além da raríssima e importantíssima obra "Tosquias Filotélicas" , de Dorvelino Guatemozim, que contém uma seleção peculiar de artigos e registros da vida filatélica desta marcante e polêmica celebridade da "filotelia" brasileira.
De ambas as obras selecionarei, entre muitos, os artigos e partes mais relevantes e curiosas que despertem o interesse de vocês, visitantes, a fim de contribuir, mesmo que humildemente, para o seu maior conhecimento em relação à história da filatelia brasileira. É um prazer para mim fazer a seleção destes textos e comentá-los, pois é algo imortal e que certamente incentiva-nos a prestigiar ainda mais o nosso próprio hobby.
Espero que as novidades desta página possam realmente ter valia para a maioria de vocês! Gostaria de pedir que, sem hesitar, quem tiver alguma crítica, sugestão ou comentário a respeito desta iniciativa: Por favor, não a omita! Sua participação é sempre bem-vinda!
Raphael Prestes Salem
03 de fevereiro de 2004

TEXTO INSERIDO EM 10 DE JANEIRO DE 2005 - ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO

TRES FOI O DIABO QUE FEZ
      O Boletim Filotelico Bandeirante de junho de 1942 insere, entre as copiosas sandices do asneirão Roberto Thut, uma ultra lambança a respeito da emissão dos inclinados de 180-300 e 600 rs.. A verborragia visguenta calafetada de pedantismo asnático do parlapatão xaroposo deixou-me pasmado. Primeiramente, contesto que as franquias em foco sejam as mais raras, visto que temos variedades bem mais custosas, como tambem rebato a sua proverbial ignorância em tomar emissão como circulação, tal qual o seu grande mestre Kloke.
            Que digno rebento! Cumpre-me fazer refulgir mais uma vez a hipocrisia dos celeberrismo maitacas trifrontes. Aceitar meras opiniões ou palpites de Kloke ou de quem quer que seja e pôr de quarentena citações oficiais relatadas por quem ainda não deu direito de sua palavra ser posta em duvida, é de moleque indecente e indigno de se meter em cousas sérias. Diz o rifão: “Tres foi o diabo que fez”.
            Refiro-me ao trio paulificante Thut-de Sanctis-Fraccaroli, que barbaramente tem amesquinhado a nossa filotelia pela mercantilização, despeito infrene e presunção néscia, rasteira. Nos centros filotelicos devia levantar-se uma voz para protestar contra a negação da verdade pelos açambarcadores apaixonados, despeitados e ineptos como esses senhores, que se não vexam de proceder tão mesquinhamente, pensando, talvez, que além de sua órbita não haja filotelistas concientes, que notam contristados essa hedionda baixeza de caracter assaz prejudicial á boa filotelia. Tudo devo ao meu esforço próprio, pois não tive orientador nas buscas a que procedi nos arquivos oficiais. Antes de me chamarem mistificador, trabalhem, sindiquem, porquanto não temo desmentidos. Já escrevi alhures que a Casa da Moeda começou a fabricar selos postais em 1880 – série cabeça pequena. Lá se faziam as chapas e a Oficina das Apólices, depois Estamparia, era a impressora até 1866. Nestas condições, não é admissível figurarem papeis no arquivo da Casa da Moeda que lhe são estranhos.
            Os inclinados, menos o de 10 réis, não tiveram edital, e o começo de circulação dessa taxa está certo, certíssimo, conforme a “Declaração” na segunda edição do “Catalogo Brasil”, quer queiram, quer não queiram os gargantas, que infestam a nossa filotelia. Pela primeira vez, em 5 de junho de 1845, expediram-se ordens de entrega ao Correio da Corte de 4.000 selos de 180, 4.000 de 300 e 2.000 de 600 réis e de remessa para Baía, Pernambuco, Maranhão e Rio Grande do Sul. Como o ano financeiro era compreendido de 1°. de julho a 30 de junho, não é absurdo considerar-se que o inicio da venda fosse no primeiro dia do ano. É acertado tambem dar o inicio do giro á data da entrada no Correio Geral da capital do paiz das formulas sem edital. Portanto, ou foi a 5 de junho ou a 1°. de junho de 1845 que se verificou o fato em ebulição. Quem for estudioso, quem tiver amor á verdade e respeitar a probidade do proximo, que se dirija para o Arquivo Nacional, sito á Praça da Republica, Rio, e peça, da secção administrativa, Avisos Ministeriais do Imperio para a Fazenda, de julho de 1843 até 1850 e poucos, e verá que não sou do estofo moral desses impostores parasitas. Já que estou com a mão na massa, quero tocar em um caso histórico suspeito do dr. Francisco da Nova Monteiro, segundo rumores que me chegaram aos ouvidos. Esses cavalheiro murmura que Sua Majestade não se imiscuia em negócios de pouca monta, descrendo, por isso, da veracidade do Aviso do Paço de 3-7-1843 ao Diretor dos Correios, registrado na segunda edição do “Catalogo Brasil”. Será que ele arcou com o peso da honrosa e aristocratica investidura de conselheiro, capelão ou lacaio mór do excelso Dom Pedro II?! 
            Irra! O mesmo senhor tem malhado em ferro frio, em inicio de giro dos olhos de boi, prova dessa descoberta e divulgada por mim, corrigindo, desse modo, um erro de quase cem anos aceito por todos. O que não achei nos arquivos da Casa da Moeda, do Tesouro Nacional e do Correio Geral, topei nos atos governamentais insertos nos jornais. O numero 1 do “Diário Oficial”, da Corte, é de 1º. de outubro de 1862.  (...)
            Os meus trabalhos vivem citados por outros sem a hombridade literaria, que consiste na ausência da declaração donde foram trasladados. Ha inescrupulosos que até anunciam pertencerem ao arquivo do dr. Mario de Sanctis!
            Quando o sr. Chico da Nova Monteiro copiar do “Diario Oficial” ou dos originais governamentais, a sua observação será justa. Mas os meus livros foram feitos com o meu suor e o meu dinheiro e são de minha propriedade

Dorvelino Guatemozim -“Tosquias filotelicas” – páginas 111 a 114.
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O CRUZ BRANCA

Muito tem dado que falar e muita tinta tem feito correr esta nossa variedade.
Infelizmente a discussão precipitou-se pelo despenhadeiro do terreno pessoal. Mas, tinha que ser assim. Os que não possuem um exemplar dessa variedade hão de contestar a sua origem, até que possam tel-a, enriquecendo o seu album, a sua collecção.
O "Brasil Filatélico" atribue ao gerente do "O Filatelico" toda essa campanha com o fito de elevar e considerar essa variedade. Entregue a um grupo de filotelistas, a reação de "O Filatelico" o seu gerente não faz parte daqueles que habitualmente tem escrito, para tarzer um pouco de vida á Filotelia nacional. Outro ponto que o "Brasil Filatelico" traz como argumento para contestar a origem dessa variedade é a diversidade de versões que tem sabido neste ou naquelle orgão de publicidade. Cada um escreve o que lhe apraz, por exemplo, para o "Brasil Filatelico" o variedade "Cruz Branca" desde logo se afigurou de nenhum valor filatelico... porque "desde logo" o autor desse artigo (o do "Brasil Filatleico"), "desde logo" não possuia um exemplar da variedade.
Entretanto uma cousa é certa sobre essa variedade: O erro foi descoberto já na Repartição dos Correios por ocasião do recebimento das folhas da Casa da Moeda. Os exemplares que temos examinado todos tem o mesmo desenho, o mesmo papel e são portadores das características de authenticidade, o que corresponder a ter sido o sello impresso com as pedras e na propria Casa da Moeda, não fosse sufficiente saber-se de fonte segura, ter se feito o achado dentro do "Correio". De fato, reconhecemos que verificado o erro, devia este ser devolvido para a Casa da Moeda em suas duas folhas. Mas... não foi, e os selos hoje merecem as preferencias dos collecionadores, com excepções daquelles que não os puderam adquirir já pelo numero reduzido de exemplares que foram emitidos, já porque "desde logo" se lhes afigurou o "seu nenhum valor filotelico" muito embora a todo o instante haja quem quebre lanças para obter um exemplar.
Não admitir que na impressão de um selo emitido em numero de 1 milhão de exemplares possa ter havido um erro e que esse erro tenha vindo para fóra da Casa da Moeda, tanto mais que o sello era submetido a uma impressão por cada côr, é querer a infalibilidade, a perfeição absoluta! É pretender aquilo que não se conseguio, e não se conseguirá.
Imaginae o nosso critico do "Brasil Filatelico" a contestar o selo da Inglaterra, de George V. Catalogado por Stanley Gibbons sob o Nº 420 a, de seu Catalogo de 1927. Um tête-bêche do valor, 1 1/2 d, castanho, de 1924-26, entre os selos da rija Albion. Com certeza que "desde logo" o nosso conterraneo teria descoberto o seu "nenhum valor filotelico" e lá se ia para as urtigas essa variedade! Imaginae si uma firma ou alguem tomasse conta de um certo selo dos nossos e conseguisse a destruição das matrizes!, como succedeu com a Libra de George V, Nº. 156 do Cat. Yvert "desde logo" a autoridade indigena, descobriria o seu "nenhum valor filotelico".
Deixemos a Grã-Bretanha, e veremos o que sucederia ao selo de Malta, Nº. 53, Cat. Yvert. Esse então teria sofirdo não mais a taxação de "nenhum valor filotelico", esse teria ido irremediavelmente para o inferno queimar o pecado de ter sido desde a sua aparição, uma raridade, um selo emitido em pequena quantidade sobre papel que a seguir foi substituido!
O nosso cronista do Leão do Norte teria certamente, um ataque de apoplexia si por acaso sucedesse a descoberta de um tête-bêche na nossa emissão de 1894 ou em outra qualquer, tal como sucedeu com os celebres tête-bêche dos selos Ns. 65 e 69 da Suissa, Cat. Yvert, que só foram conhecidos por ocasião da 10ª. venda da Coleção Ferrari.
No seu intimo, o nosso cronista indigena terá por bom, por autentico, por variedade rara o nosso disputado CRUZ BRANCA, e como ele alguns outros.
É o caso da raposa da fabula. Os "CRUZ BRANCA" estão verdes...

(Este texto foi transcrito da obra "Tosquias Filotelicas", da autoria de Dorvelino Guatemozim, 1944, pp. 315-317)

É, de certa forma, cômica, a troca de farpas entre o nosso polêmico Dorvelino Guatemozim e o Sr. Hugo Fraccaroli, o editor da revista "Brasil Filatélico", a quem ele se refere por quase todo o texto. Fiz questão de manter a escrita da época e, se houver algum erro, perdoem-me e perdoem ao livro... 
Com puríssima e explícita ironia, mas também com uma quantidade de sólidos argumentos, Dorvelino expõe sua opinião a respeito da variedade "Cruz Branca" do selo comemorativo do centenário da Confederação do Equador, RHM C-18. O valor do selo-tipo novo, de acordo com o catálogo simplificado do Brasil RHM 2003, é de R$ 8,00, enquanto a célebre variedade Cruz Branca marca R$ 1200,00, tanto para a variedade nova quanto usada. Já passou pela minha mão um exemplar desses, e é muito prazeroso tê-lo em mãos, pois me parece que são conhecidos apenas 72 exemplares.
Depois de ler este artigo, eu passei a ter certeza absoluta que as variedades Cruz Branca são realmente acidentais e legítimas!

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